Uma outra questão que contribui com a dificuldade de repor aulas perdidas por falta de professores é a ausência de um currículo único. A Secretaria Estadual de Educação publicou na última semana o currículo unificado do Ensino Médio, mas até então não havia parâmetros fixos para determinar quantas aulas e de quais disciplinas cada série do Ensino Médio deveria ter. Dessa forma, nem mesmo os professores sabiam o que deveria ser ministrado e muitas vezes o sumário do livro didático era usado como “currículo”, segundo a pedagoga Cláudia Santa Rosa.
“Esse é um ponto do qual os professores reclamam bastante: se não tem um currículo único, eles ficam sem embasamento para saber o que será ministrado”, relata a pedagoga. Cláudia Santa Rosa diz ainda que os parâmetros curriculares do Ministério da Educação não eram suficientes para sistematizar a educação em nível de Estado. Por exemplo, o MEC determina a integralização de pelo menos 2,4 mil horas de aulas no Ensino Médio, mas não fixa a quantidade exata por série. “O Ensino Médio não foi formatado, concebido, a partir de disciplinas, mas a partir de áreas do conhecimento. As escolas é que trabalham a partir de disciplinas porque os professores são contratados seguindo esse critério”, explica a secretária Betânia Ramalho.
Com a formatação de um currículo único, a Secretaria de Educação poderá inclusive identificar possíveis locais com “mão de obra excedente”. “Agora, poderemos ter certeza de onde falta e onda sobra oferta de determinadas disciplinas e será mais fácil remanejar isso. Esse é um ponto importante, fundamental, que a Secretaria de Educação está providenciando depois de muito tempo de promessa. É preciso uma definição para ter controle, sem autoritarismo, respeitando a autonomia da escola”, diz Auxiliadora Albano, subcoordenadora de Inspeção Escolar.
Isso não significa que o problema da falta de professores, que compromete a continuidade do aprendizado dos alunos, será resolvido a curto prazo. Segundo Auxiliadora Albano, há questões estruturais mais sérias incidindo sobre o problema. Uma delas é carência de professores. “O problema nesse caso não é falta de dinheiro, mas falta de mão de obra mesmo. Acabamos completando com estagiários porque não há professores suficientes”, lamenta.
A equação é conhecida: salário baixo e trabalho insalubre viram pouca procura pela formação de professor nas faculdades e universidades e, por sua vez, essa baixa procura implica em poucos professores no mercado. “Antes, o sistema não era universalizado. Depois que todo município e estado foi obrigado a prover educação para todos, a formação de professores não acabou não acompanhando o processo”, contextualiza.
Fonte: Tribuna do Norte
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