Rob Summers durante sessão de fisioterapia com o estimulador elétrico |
Após Rob Summers ficar paraplégico por conta de uma acidente de carro em 2006, seus médicos lhe disseram que jamais andariam de novo. Eles estavam errados. Em 2009, o americano de 25 anos se submeteu à implantação de um estimulador elétrico em sua medula espinhal para tentar “acordar” seu sistema nervoso danificado. Depois de alguns dias, Summers conseguia se manter em pé sem precisar de ajuda. Meses depois, mexia os dedos do pé, os joelhos, tornozelo e quadris, e conseguia dar alguns passos em uma esteira. “Foi a sensação mais inacreditável,” afirmou. “Depois de não poder se mexer por quatro anos, eu pensei que as coisas finalmente iam mudar”.
Apesar desse otimismo, Summers só fica em pé durantes suas sessões de duas horas diárias de fisioterapia, quando o estimulador é ligado, e para o dia-a-dia, continua em uma cadeira de rodas. Os médicos estão limitando o uso do dispositivo a algumas horas por dia. Seu caso está descrito em um estudo publicado esta semana pelo periódico médico The Lancet. A pesquisa foi financiada pelo Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos e pela Fundação Christopher e Dana Reeves.
Por anos, algumas pessoas com lesões na medula espinhal, que ainda retêm algum controle sobre seus membros, têm sentido melhoras após experimentos para estimular eletricamente seus músculos. Mas um progresso como o de Summers, após um dano tão grande à medula, era inédito até então. “Não é um cura completa, mas pode ajudar alguns pacientes”, afirmou Gregoire Courtine, chefe do departamente de neuroreabilitação experimental da Universidade de Zurique, que não esteve associado ao estudo. Courtine ressaltou que a recuperação de Summers não implicou em mudanças em sua rotina, e que mais pesquisas seriam necessárias para chegar a uma mudança real na vida de paraplégicos e tetraplégicos.
O estimulador elétrico usado em Summers é normalmente usado para alívio de dores, e pode custar até 20 mil dólares. Ele foi implantado em uma região mais baixa que o de costume, na parte inferior de suas vértebras. “Ele manda um sinal elétrico genérico para a medula, para levantar ou andar”, afirmou Susan Harkena, principal autora do estudo. Kakema e sua equipe ficaram surpresos em ver que o paciente conseguia voluntariamente mexer as pernas. “Isso mostra que conseguimos alcançar os circuitos do sistema nervoso, o que abre um novo caminho para tratar paralisia”, disse. Ela acrescentou que alguns remédios também ajudaram o processo de recuperação.
Para John McDonald, diretor do Centro Internacional de Ferimentos na Medula Espinhal, no Instituto Kennedy Krieger, em Baltimore, a estratégia pode ser adotada em 10 a 15% de seus pacientes paraplégicos que podem ser beneficiados. “Vamos fazer isso em nossos pacientes, sem dúvida”. Para Summers, suas duas horas andando são apenas o começo: “Meu objetivo é andar e correr novamente. Acredito que tudo é possível e que eu vou sair da minha cadeira de rodas algum dia”.
Fonte: Portal IG
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